Costuras do tempo
Stela Barbieri"A linguagem é a chave para saber quem somos como indivíduos. Nós somos nossas conversas: quando mudamos nossa forma de ser, mudamos nossas conversas e quando mudamos a forma de conversar, mudamos a forma de ser. A linguagem nos constrói. "
Bernardo Toro
O Trabalho Educativo dentro da Fundação Bienal de São Paulo ao longo dos anos foi marcado pela força da invenção, da experimentação, com uma intensa e extensa vida entrecortada. Os educativos que se seguiram com diferentes curadorias, coordenações, educadores e abordagens, foram responsáveis por cooperar na formação de uma quantidade significativa de pessoas que hoje trabalham na área de artes em diferentes profissões: historiadores, educadores, curadores, artistas, críticos de arte, arquitetos, galeristas, dentre outros.
Para celebrar as 30 edições da bienal e homenagear as pessoas que colaboraram com esta história, resgatando a memória das experiências vividas na instituição, o Educativo Bienal propôs este ano, em parceria com o SESC, o Seminário Arte em Tempo que aconteceu nos dias 25 e 26 de junho de 2013, no SESC Belenzinho.
Revisitar a história do ensino da arte e do ensino da história da arte nas bienais trouxe outros caminhos para pensar a educação não formal, com estratégias de continuidades e rupturas. O artista e educador Paulo Portela, que foi mediador de três mesas neste seminário, disse que estes encontros fazem parte de “uma jornada para o futuro”. A escuta de tantas experiências trouxe ao Educativo Bienal atual contato com uma diversidade de ações educativas que podem ser revisitadas.
Inventar e reconstruir a história, tornar experiências passadas vivas, tem uma relação direta com as proposições que o trabalho curatorial da bienal quer ativar. A curadoria do Educativo Bienal neste momento é uma curadoria atelier, um laboratório de ideias, percepções, riscos, com intenções claras, em um caminho que se faz passo a passo, em um aprendizado que se dá pelo exercício de tomar consciência da própria experiência. Com uma equipe que cria individualmente e no coletivo, constituída por artistas, educadores, poetas, fotógrafos, curadores, cineastas, o educativo bienal desenvolve um trabalho laboratorial, estudando, planejando, mas estando de prontidão para o aqui agora. As visitas orientadas também são consideradas como visitas ateliês, uma vez que são espaços laboratoriais de aproximação com as obras, numa alternância de protagonismos entre as obras, os públicos e os educadores.
Em ano de celebração, o exercício de olhar a arte e a linguagem através dos tempos é uma oportunidade de arejar o presente, de olhar de novo, com olhos novos. Conhecer as questões mobilizadoras que geraram os trabalhos instiga-nos a fazer outras perguntas e ao empenho de um trabalho que possa ter profundidade e intensidade, sem perder o caráter experimental.
O trabalho educativo é feito de delicadezas, de relações humanas, com a arte e no diálogo entre pessoas. Para isto, é necessário trabalhar com dispositivos que atendam a desconstrução do que está estagnado e ponham em movimento a matéria pensamento, ativando o corpo como uma ferramenta que nos faz pensar diferente.
Stela Barbieri