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Desconexões de Setembro

Paço das Artes - SP
1990
algodão e feijões
tecido, urucum e óleo







[...] Uma exposição dessa natureza, composta por obras de artistas jovens, colhendo resultados mais ou menos avançados de uma trajetória iniciada há não muito tempo, serve para aferir o desenvolvimento seguro e consequente que as nossas artes plásticas vêm tendo desde a febre do neo-expressionismo, no início dos anos 80. As pinturas de Carlos Uchôa e Mariannita Luzzati, as pinturas-colagens de Marina Saleme, e as esculturas de Déborah Paiva, Domingos Seno, Edgar Racy e Stela Barbieri, reforçam a ideia da necessidade de que a nossa produção artística esteja assentada num chão mais sólido, potencializando e enriquecendo o pequeno mas expressivo patrimônio artístico que possuímos. Seus trabalhos demonstram que eles não embarcaram nesse apelo fácil, nesse procedimento banalizador - ainda tão corriqueiro -, é que consiste na importação e consumo instantâneos de operações poéticas trazidas pelas últimas revistas, ou vistas de soslaio por ocasião de alguma oportuna viagem de arejamento e "atualização".


As referências conceituais e formais existem e são bem nítidas. Com maior ou menor ênfase, a maioria, além de se conservar dentro dos limites estabelecidos pela arte moderna, investiga proposições originariamente introduzidas entre nós pelas tendências construtivas dos anos 50. Dedica-se, portanto, ao enfrentamento de questões que, a rigor, pertencem à esfera estrita dos elementos e aspectos internos constitutivos da produção artística, ou seja, transformam um produto a ser atingido o que antes era apenas um meio. Um exame detalhado das obras expostas deixará ver como essa herança comparece cuidadosamente estudada, e vem se decantando ao ritmo da pesquisa de cada um; um fluxo lento por opção, e que só terminará futuramente, na transmutação definitiva dessa mesma seiva em várias soluções particulares a serem desenvolvidas por cada um deles.
[...]

Trecho da carta-manifesto dos artistas da exposição





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binah ︎︎︎


Stela Barbieri é artista, contadora de histórias, autora e educadora. Dirige o bináh espaço de arte.